"Já escurecia quando voltava para casa naquela sexta-feira. O caminho tinha uma grande parte de subida, o que fazia com que parecesse ainda maior do que era. Algumas luzes começavam a acender em um ou outro poste ao longo do percurso. Ao chegar no que ele considerava ser a metade (pois a partir dali não tinha mais subida), estava um pouco ofegante, ao mesmo tempo que maravilhado. Do ponto onde estava podia ver toda a cidade e, naquela sexta-feira, parecia que a cidade toda também olhava para ele. Uma interação entre o garoto e o meio que o deixara perplexo. As luzes da cidade acendiam a medida que o sol ia abandonando-a.
Ia descendendo destraído e sequer reparou que tinha alguém vindo na direção contrária. Esbarrou no outro e deixou, sem querer, que sua mochila fosse ao chão. Prontamente, foi ajudado a recolher o que havia caído. Os olhares se cruzaram e era como se tudo que o garoto havia visto até aquele momento não fosse tão belo e profundo quanto aquele olhar. Desculpou-se por sua distração e recebeu em troca um sorriso, que de tão sincero poderia iluminar toda a cidade. Ficaram ali, parados, começaram a conversar. O que estava subindo desistiu da aula e desceu junto do garoto. Sentaram-se em frente a casa dele e conversaram noite adentro."
Ele acordou com o som da campainha. Levantou-se e dirigiu-se ao portão. O outro entrou e o garoto começou a falar:
- Tive um sonho tão bom. Foi o dia em que a gente se conheceu.
- Te amo! -foi surpreendido com a frase repentina.
- Eu também... Eu também te amo! -concordou.
Abraçou-o e, com um toque nos lábios, conduziu-o para dentro. Iria preparar o jantar...
"Open your heart to me, baby,
I hold the lock and you hold the key.
Open your heart to me, darling,
I'll give you love if you... you turn the key."
domingo, 23 de maio de 2010
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